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"" A Poesia quando chega ...""

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Vitória, Espirito Santo, Brazil
""Eu vivo em carne viva, por isso procuro tanto dar pele grossa a meus personagens. Só que não agüento e faço-os chorar à toa.(...) Ser cotidiano é um vício. O que é que eu sou? sou um pensamento. Tenho em mim o sopro? tenho? mas quem é esse que tem? quem é que fala por mim? tenho um corpo e um espírito? eu sou um eu? "É exatamente isto, você é um eu", responde-me o mundo terrivelmente. E fico horrorizado"". ("Um Sopro de Vida" , Clarisce Lispector)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

' PATÉTICA'..2009
















" Será que poderei dizer como naquele dia? Que é só mais um começo..."








(foto do espetáculo " PATÉTICA", de João Ribeiro Chaves Netto)

O espetáculo "Patética" teve estréia nos dias 12 e 13 de Dezembro 2009 na Escola de Teatro e Dança FAFI, em Vitória...

A montagem dirigida pelo professor Leonardo Patrocínio é resultado de pesquisa da turma de formandos do Curso de Qualificação Profissional em Teatro.





A PATÉTICA OU UMA PAIXÃO

ENGAJADA

Frios e mudos,
os muros erguem-se;
ao vento, as bandeiras tilintam.

Friedrich Hölderlin

Classificada em primeiro lugar, no VIII Concurso Nacional de Dramaturgia, realizado pelo SNT (Serviço Nacional de Teatro), em 1977, o texto “Patética”, de João Ribeiro Chaves Neto, conforme Fernando Peixoto, “nasce quando o teatro brasileiro está circunstancialmente castrado em seu mais legítimo potencial criativo, amordaçado por uma arbitrária censura que vem regularmente impedindo que dramaturgos e encenadores realizem um esforço crítico conseqüente com a realidade”.

“Patética” – texto confiscado pelos órgãos de segurança – trata do “suicídio” do jornalista Wladimir Herzog, ocorrido em 1975, nas masmorras do DOI-CODI, em São Paulo, na considerada fase mais violenta da repressão militar. Apesar do autor, João Ribeiro Chaves Neto, ser cunhado de Herzog, a elaboração da peça não se trata de uma atitude isolada, considerando que a mesma faz parte de um conjunto de dramaturgos, diretores e grupos que se inserem num movimento teatral comprometido com a resistência ao regime militar de 1964. Na maioria das vezes, apelando para episódios históricos ou situações simbólicas e alegóricas este movimento produziu textos enfatizando a repressão à luta armada, o papel da censura, o arrocho salarial, o milagre econômico e a ascensão dos executivos e a supressão da liberdade. Entre estes também destacamos Oduvaldo Viana Filho, Gianfrancesco Guarnieri, Ruy Guerra, Chico Buarque, João das Neves e tantos outros, sendo alguns ex-integrantes do Centro Popular de Cultura que no momento foi colocado na ilegalidade.

Dividida em dez cenas, “Patética” é uma espécie de teatro no teatro, ou seja, a peça dentro de uma representação que se encerra e se abre num circo que está sendo fechado pela repressão. A partir do jogo de contar uma história onde cada um dos atores assume um ou mais personagens, desenrola-se a trajetória dos Horowitz, um casal de judeus iuguslavos que, chega ao Brasil em 1949 e se estabelece em São Paulo. Acompanham a vida do filho Glauco (Wlado ou Wladimir) que ingressa no jornalismo e passa a ter uma militância política e, tanto pela consciência dos problemas sociais e políticos de sua época, quanto pelo seu destaque na imprensa, acabou preso, torturado e morto na prisão. O chamado “suicídio” de Wladimir Herzog, devido a grande repercussão nos meios de comunicação, é compreendido por alguns analistas como o ponto de onde se inicia todo o processo de abertura política no Brasil.

No caso dessa montagem pelos alunos finalistas do Curso de Qualificação Profissional em Teatro da Escola de Teatro e Dança FAFI, faz parte da disciplina Prática de Montagem II que tem a dramaturgia contemporânea brasileira como critério de escolha de uma obra a ser encenada. E a “Patética” foi eleita em virtude não só da discussão do teatro como um discurso político e a idéia de uma arte engajada, mas também pela essência da palavra que significa uma possibilidade de incitar as paixões e, ainda, por propiciar o exercício do princípio básico de uma montagem: o processo de criação e organização daquilo que foi aprendido e apreendido ao longo do curso, desde a teoria até a prática, passando pela convivência e conscientização do trabalho em equipe e, enfim, pela busca de equilíbrio entre o sonho e a realidade.

Wilson Coêlho

Coordenador de Teatro





Ficha Técnica

Direção: Leonardo Patrocinio

Elenco: André Loureiro, Eleciana Mello, Ericka Shuina, Fabricia dias e Luiza Vitório

Figurino: Regina Shimitt

Maquiagem: Cleverson Guerrera

Designer gráfico; Max Goldner






















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